quinta-feira, 13 de maio de 2010

PIB da construção civil vai atingir R$ 230 bi em 2014

Não há quem esteja alheio aos negócios gerados pela Copa em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016 no Brasil. Os mundiais esportivos afetam a vida de todos os participantes e há oportunidades de investimento em diversas nações. O governo da Alemanha, por exemplo, realizará um seminário no final deste mês em Munique, onde apresentará ao governo brasileiro, empresas e investidores o know how do país em tecnologia para a construção de estádios nas cidades brasileiras.
No Brasil, além do governo federal, governos estaduais e grandes empresas, as pessoas comuns também se antecipam para aproveitar as oportunidades de negócios. Os imóveis na Vila Sônia, pequeno bairro da capital paulista que não se modernizava desde que foi criado, está de cara nova. A maior parte dos pequenos comerciantes faz reformas para receber os turistas que chegarão ao estádio do Morumbi passando pelo bairro, que acaba de ganhar uma estação da linha 4 do Metrô. "É difícil mensurar, pois há muitos negócios", afirma Walter Mendes, superintendente de renda variável do Itaú Unibanco. Segundo estudo do banco, os mundiais são capazes de aumentar em até 2% o PIB do país-sede. No Brasil, as estimativas de investimentos mostram algo próximo de 2,5% de contribuição no Produto Interno Bruto. Joaquim Levy, secretário da Fazenda do Estado do Rio de Janeiro concorda com Mendes. Questionado durante o seminário Brazil Infrastructure Summit promovido pelo Valor e pelo jornal inglês "Financial Times" no Rio de Janeiro sobre se o governo do Estado tem uma estimativa dos investimentos para a Olimpíada, Levy expressou em sua resposta a complexidade da questão. O secretário explicou que muitos dos investimentos envolvem a infraestrutura para o país como um todo e não apenas para os Jogos Olímpicos. "Mas somando tudo, os recursos podem chegar a R$ 20 bilhões considerando-se a extensão da linha 4, aeroporto, rodovias entre outros. Para coisas básicas, o governo tem R$ 5 bilhões. Para o restante será preciso construir parcerias com a iniciativa privada", afirma Levy. O mapeamento feito pelo BNDES identificou investimentos de R$ 274 bilhões para todo o Brasil em infraestrutura, mas que já foram corrigidos para R$ 310 bilhões em projetos no período 2011 e 2014. Esses recursos servirão para melhorar a infraestrutura do Brasil em diversos segmentos. Desse valor, energia tem o maior peso, com 33%; telecomunicações com 24.5%; saneamento com 14,2%; ferrovias com 10,6%; transporte rodoviário com 12%; portos com 5,1%. A Previ, maior fundo de pensão da América Latina, com ativos de R$ 142 bilhões, está atenta a muitos dos negócios gerados com os mundiais. "São bilhões de reais para investir em diversos segmentos e em todo o país", afirma Joilson Ferreira, diretor da Previ. Ele cita o setor de logística, incluindo trens, metrôs, ônibus e táxis, que garantam o acesso dos torcedores, equipamentos de última geração que suportem a transmissão dos jogos, segurança, hotéis e restaurantes. A ideia é apoiar os projetos onde a instituição é acionista. São mais de 60 participações em empresas -, bem como entrar em projetos que tragam rentabilidade no longo prazo para garantir o pagamento de benefícios aos mais de 180 mil participantes que tem em carteira. A Invepar, braço de investimento da Previ, já participa de quatro grandes investimentos, como a extensão da Linha Amarela no Rio, por exemplo. Também prevê participar do projeto do trem bala, avaliado em mais R$ 30 bilhões. "Estamos atentos a muitos investimentos em infraestrutura pelo potencial de retorno que oferecem", o diretor da Previ. As estimativas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) indicam que a Copa 2014 deve trazer mais de 600 mil turistas para o Brasil e levar aos estádios 3,5 milhões de espectadores só nos estádios. "O Brasil praticamente não tem problema com déficit de leitos. Mas é importante garantir a segurança para a entrada de tantos turistas. E tratá-los com hospitalidade", reforça Michael Flaxman, executivo da Accor Hospitality Americas. As obras de infraestrutura necessárias para sustentar o crescimento do Brasil, um dos países emergentes mais bem avaliados pelos fundos de private equity para as apostas nos próximos anos, saltam aos olhos de qualquer investidor, não só da Previ. Muitos financiamentos deverão contar com o apoio do BNDES, da estrutura de Project Finance em sua concepção tradicional, e também com os programas híbridos com captações via debêntures ou através do mercado de capitais. Pelo calendário da Fifa, os estádios têm de estar prontos até dezembro de 2012. Ou seja, é preciso correr. Luciano Coutinho, presidente do BNDES, responsável pela maior parte dos recursos necessários para os investimentos de infraestrutura no Brasil, afirmou que os projetos estão tudo dentro do prazo. José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) de São Paulo, discorda.

FONTE: Vida Imobiliária

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