A falta de mão de obra qualificada está no topo da lista de reclamações da indústria e já é apontada pelo governo como o principal gargalo a ser enfrentado pelo país para atender às demandas crescentes da economia
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, admitiu ao GLOBO que o Brasil só conseguirá qualificar em 2010 um quarto do que seria necessário, um milhão em vez de quatro milhões de trabalhadores. O mais grave é que não se trata apenas de preparo técnico ou especializado. Só 25% dos brasileiros dominam a escrita, a leitura e a matemática para se expressar e entender o que está à sua volta no contexto econômico e tecnológico atual. O dado é do Indicador de Analfabetismo Funcional 2009, realizado pelo Instituto Paulo Montenegro, braço sem fins lucrativos do Ibope. “Isso limita o potencial de expansão do país, sobretudo para os setores de serviços em geral e de turismo em particular, que exigem mais qualificação”, diz a diretora-executiva do instituto, Ana Lucia Lima. A indústria da construção civil precisará de 380 mil novos empregados até 2014 para a realização de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Minha Casa, Minha Vida e de projetos voltados para Olimpíadas e Copa do Mundo. Por isso, está preocupada e garante que a falta de qualificação é o principal problema a ser enfrentado pelo setor. Segundo Lupi, cerca de 900 mil vagas ofertadas nas agências do Sistema Nacional de Empregos (Sine) em todo o país deixaram de ser preenchidas em 2009 porque os candidatos não tinham a qualificação exigida. “A falta de qualificação hoje é problema sério no país e está ligada ao trabalho moderno, onde a informática está cada vez mais presente”, afirmou Lupi. Para complicar, parte dessa demanda por trabalhadores deverá ocorrer no interior dos estados, onde a situação de escassez é ainda mais grave. “Estão previstas obras em municípios que não contam com profissionais disponíveis”, disse o gerente do Observatório Ocupacional do Serviço Nacional da Indústria (Senai), Márcio Guerra Amorim. Estudos do Senai indicam que 54% da demanda por mão de obra da construção civil serão concentrados na Região Sudeste; 18%, no Nordeste; 14%, no Sul; 8%, no Centro-Oeste; e 6%, na Região Norte. O economista do banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, afirma que esse é um problema estrutural que demanda anos de investimento e maturação para ser resolvido. “ Esse não é um problema conjuntural como a importação de cimento ou de peças que algumas companhias não estejam conseguindo produzir aqui por causa do crescimento. Antes, as empresas contratavam trabalhadores para treiná-los, mas nem estes estão disponíveis, o que as obriga a fazer melhores propostas a pessoas que estejam no mercado de trabalho, elevando os custos da produção”. A avaliação do Ministério da Fazenda vai na mesma linha. Segundo técnicos, embora setores como o aeroportuário e o de transportes também estejam sendo pressionados por gargalos, essas são áreas que estão recebendo investimentos. “São gargalos que não impedem o crescimento”, diz um técnico do governo. O orçamento do Ministério do Trabalho, somando recursos da União e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), soma R$800 milhões. Lupi até tentou retirar da Desvinculação das Receitas da União (DRU) as receitas do FAT para aumentar a verba da qualificação, mas não teve o aval da equipe econômica.
FONTE: O Globo
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, admitiu ao GLOBO que o Brasil só conseguirá qualificar em 2010 um quarto do que seria necessário, um milhão em vez de quatro milhões de trabalhadores. O mais grave é que não se trata apenas de preparo técnico ou especializado. Só 25% dos brasileiros dominam a escrita, a leitura e a matemática para se expressar e entender o que está à sua volta no contexto econômico e tecnológico atual. O dado é do Indicador de Analfabetismo Funcional 2009, realizado pelo Instituto Paulo Montenegro, braço sem fins lucrativos do Ibope. “Isso limita o potencial de expansão do país, sobretudo para os setores de serviços em geral e de turismo em particular, que exigem mais qualificação”, diz a diretora-executiva do instituto, Ana Lucia Lima. A indústria da construção civil precisará de 380 mil novos empregados até 2014 para a realização de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Minha Casa, Minha Vida e de projetos voltados para Olimpíadas e Copa do Mundo. Por isso, está preocupada e garante que a falta de qualificação é o principal problema a ser enfrentado pelo setor. Segundo Lupi, cerca de 900 mil vagas ofertadas nas agências do Sistema Nacional de Empregos (Sine) em todo o país deixaram de ser preenchidas em 2009 porque os candidatos não tinham a qualificação exigida. “A falta de qualificação hoje é problema sério no país e está ligada ao trabalho moderno, onde a informática está cada vez mais presente”, afirmou Lupi. Para complicar, parte dessa demanda por trabalhadores deverá ocorrer no interior dos estados, onde a situação de escassez é ainda mais grave. “Estão previstas obras em municípios que não contam com profissionais disponíveis”, disse o gerente do Observatório Ocupacional do Serviço Nacional da Indústria (Senai), Márcio Guerra Amorim. Estudos do Senai indicam que 54% da demanda por mão de obra da construção civil serão concentrados na Região Sudeste; 18%, no Nordeste; 14%, no Sul; 8%, no Centro-Oeste; e 6%, na Região Norte. O economista do banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, afirma que esse é um problema estrutural que demanda anos de investimento e maturação para ser resolvido. “ Esse não é um problema conjuntural como a importação de cimento ou de peças que algumas companhias não estejam conseguindo produzir aqui por causa do crescimento. Antes, as empresas contratavam trabalhadores para treiná-los, mas nem estes estão disponíveis, o que as obriga a fazer melhores propostas a pessoas que estejam no mercado de trabalho, elevando os custos da produção”. A avaliação do Ministério da Fazenda vai na mesma linha. Segundo técnicos, embora setores como o aeroportuário e o de transportes também estejam sendo pressionados por gargalos, essas são áreas que estão recebendo investimentos. “São gargalos que não impedem o crescimento”, diz um técnico do governo. O orçamento do Ministério do Trabalho, somando recursos da União e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), soma R$800 milhões. Lupi até tentou retirar da Desvinculação das Receitas da União (DRU) as receitas do FAT para aumentar a verba da qualificação, mas não teve o aval da equipe econômica.
FONTE: O Globo
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