O financiamento para imóveis novos cresceu muito em 2011 e representou 35% das contratações da modalidade aquisição, o que mostra que o ciclo de produção está maduro. Essa é uma das análises de Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.
09/03/2012
 Segundo balanço da Abecip (Associação  Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) apresentado  no final de janeiro, os recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança  e Empréstimo) financiaram, em 2011, um total de 493 mil unidades com a  aplicação de R$ 79,9 bilhões. Comparado com as 54 mil unidades  financiadas em 2004, o número atual é nove vezes superior e, em valores,  mais de 26 vezes, pois naquele ano o montante foi de R$ 3bilhões.  Quando se somam aos recursos do SBPE os do FGTS (Fundo de Garantia do  Tempo de Serviço), o total das aplicações chega a R$ 114,4 bilhões,  contra R$ 6,9 bilhões em 2004, totalizando 1,430 milhão de operações,  contra as 321 mil de 2004.
A quota de financiamento médio em  relação ao valor de avaliação dos imóveis ainda está em 63% e cresce  consistentemente, pois em 2009 essa média era de 61,1%. Isso demonstra a  saúde do sistema e o cuidado com que os agentes financeiros continuam a  conceder créditos garantindo que não haja problemas no futuro.
O financiamento para imóveis novos  cresceu muito em 2011 e representou 35% das contratações da modalidade  aquisição, o que mostra que o ciclo de produção está maduro. Tínhamos,  ao final de 2011, 1.600 empreendimentos financiados por planos  empresários, com crescimento acentuado na pós-crise, pois no final de  2009 eram 766 empreendimentos financiados na mesma carteira.
A inadimplência do crédito imobiliário  de 2% é a mais baixa das carteiras de créditos dos bancos no conceito de  90 dias de atraso, e nas operações cuja garantia é a alienação  fiduciária é mais baixa ainda, registrando 1,4%. A única notícia regular  do balanço do SBPE de 2011 foi que o saldo da caderneta de poupança  chegou a R$ 331 bilhões, o que representa um crescimento de somente 10%  em relação a dezembro de 2010, enquanto nos três anos anteriores esse  saldo cresceu a taxas de 20% ao ano.
Considerando a estimativa de que, em  2012, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do País será de 3,3%,  que será mantido o baixo nível de desemprego e que o país continuará  com crescimento da massa salarial, a Abecip prevê que os recursos da  caderneta de poupança possam financiar, este ano, aproximadamente R$ 104  bilhões.
A Caixa Econômica Federal, por sua vez,  acumulou até dezembro de 2011 o valor de R$ 152,9 bilhões em saldos  imobiliários, o que representa um crescimento de 41% em relação ao saldo  de 2010. A instituição liberou para financiamentos imobiliários R$ 80,1  bilhões, dos quais R$ 36,4 bilhões concedidos com recursos do FGTS.
No âmbito da segunda fase do programa  Minha Casa, Minha Vida, a Caixa contratou R$ 32,1 bilhões, beneficiando  cerca de 1,7 milhão de pessoas. A caderneta de poupança da Caixa,  diferentemente dos outros bancos, cresceu sua captação em mais de 16%  atingindo, em dezembro passado, o saldo de R$ 150,4 bilhões. A  instituição ficou com uma fatia de mais de 80% da captação líquida total  do mercado.
Com base nesses números, podemos  acreditar que vivenciaremos mais um ano de crescimento sustentado do  crédito imobiliário. Esperamos, porém, que algumas importantes questões  sejam efetivamente enfrentadas, como a necessária concentração das  informações na matrícula dos imóveis, a efetiva aplicação do cadastro  positivo e, principalmente, os incentivos às inovações tecnológicas,  tanto na construção como nas contratações de financiamentos.
Não é mais possível o mercado  imobiliário manter o ritmo de crescimento registrado nos últimos anos, e  permanecer nesse novo patamar, operando praticamente com os mesmos  processos de décadas atrás. Bancos e poder público também precisam se  modernizar.
Celso Petrucci é  economista-chefe do Secovi-SP (Sindicato da Habitação) e diretor  executivo da vice-presidência de Incorporação e Terrenos Urbanos da  entidade.
FONTE: SECOVI - SP 
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