segunda-feira, 19 de março de 2012

Boas notícias nos balanços de 2011

O financiamento para imóveis novos cresceu muito em 2011 e representou 35% das contratações da modalidade aquisição, o que mostra que o ciclo de produção está maduro. Essa é uma das análises de Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.

09/03/2012
Boas notícias nos balanços de 2011
Segundo balanço da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) apresentado no final de janeiro, os recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) financiaram, em 2011, um total de 493 mil unidades com a aplicação de R$ 79,9 bilhões. Comparado com as 54 mil unidades financiadas em 2004, o número atual é nove vezes superior e, em valores, mais de 26 vezes, pois naquele ano o montante foi de R$ 3bilhões. Quando se somam aos recursos do SBPE os do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), o total das aplicações chega a R$ 114,4 bilhões, contra R$ 6,9 bilhões em 2004, totalizando 1,430 milhão de operações, contra as 321 mil de 2004.
A quota de financiamento médio em relação ao valor de avaliação dos imóveis ainda está em 63% e cresce consistentemente, pois em 2009 essa média era de 61,1%. Isso demonstra a saúde do sistema e o cuidado com que os agentes financeiros continuam a conceder créditos garantindo que não haja problemas no futuro.
O financiamento para imóveis novos cresceu muito em 2011 e representou 35% das contratações da modalidade aquisição, o que mostra que o ciclo de produção está maduro. Tínhamos, ao final de 2011, 1.600 empreendimentos financiados por planos empresários, com crescimento acentuado na pós-crise, pois no final de 2009 eram 766 empreendimentos financiados na mesma carteira.
A inadimplência do crédito imobiliário de 2% é a mais baixa das carteiras de créditos dos bancos no conceito de 90 dias de atraso, e nas operações cuja garantia é a alienação fiduciária é mais baixa ainda, registrando 1,4%. A única notícia regular do balanço do SBPE de 2011 foi que o saldo da caderneta de poupança chegou a R$ 331 bilhões, o que representa um crescimento de somente 10% em relação a dezembro de 2010, enquanto nos três anos anteriores esse saldo cresceu a taxas de 20% ao ano.
Considerando a estimativa de que, em 2012, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do País será de 3,3%, que será mantido o baixo nível de desemprego e que o país continuará com crescimento da massa salarial, a Abecip prevê que os recursos da caderneta de poupança possam financiar, este ano, aproximadamente R$ 104 bilhões.
A Caixa Econômica Federal, por sua vez, acumulou até dezembro de 2011 o valor de R$ 152,9 bilhões em saldos imobiliários, o que representa um crescimento de 41% em relação ao saldo de 2010. A instituição liberou para financiamentos imobiliários R$ 80,1 bilhões, dos quais R$ 36,4 bilhões concedidos com recursos do FGTS.
No âmbito da segunda fase do programa Minha Casa, Minha Vida, a Caixa contratou R$ 32,1 bilhões, beneficiando cerca de 1,7 milhão de pessoas. A caderneta de poupança da Caixa, diferentemente dos outros bancos, cresceu sua captação em mais de 16% atingindo, em dezembro passado, o saldo de R$ 150,4 bilhões. A instituição ficou com uma fatia de mais de 80% da captação líquida total do mercado.
Com base nesses números, podemos acreditar que vivenciaremos mais um ano de crescimento sustentado do crédito imobiliário. Esperamos, porém, que algumas importantes questões sejam efetivamente enfrentadas, como a necessária concentração das informações na matrícula dos imóveis, a efetiva aplicação do cadastro positivo e, principalmente, os incentivos às inovações tecnológicas, tanto na construção como nas contratações de financiamentos.
Não é mais possível o mercado imobiliário manter o ritmo de crescimento registrado nos últimos anos, e permanecer nesse novo patamar, operando praticamente com os mesmos processos de décadas atrás. Bancos e poder público também precisam se modernizar.
Celso Petrucci é economista-chefe do Secovi-SP (Sindicato da Habitação) e diretor executivo da vice-presidência de Incorporação e Terrenos Urbanos da entidade.

FONTE: SECOVI - SP

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