sábado, 11 de fevereiro de 2012

Caixa busca opção de captação para imóveis

Este foi o terceiro ano consecutivo de recordes do crédito habitacional para o banco

"Até a Selic chegar aos 7%, a Caixa Econômica Federal (CEF) precisará de instrumentos para conseguir funding alternativo", afirmou o vice-presidente de governo da instituição, Jorge Hereda. Este foi o terceiro ano consecutivo de recordes do crédito habitacional para o banco. A expectativa é de chegar ao fim do ano com R$ 60 bilhões em carteira. Até julho foram registrados R$ 34 bilhões. O vice-presidente acredita que o crédito imobiliário pode chegar a 10% do Produto Interno Bruto até 2015. Hoje, essa relação é de 7%.

Outro argumento que justifica a busca por alternativas de capitalização é que um estudo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) diz que entre 2013 e 2014 os recursos da caderneta devem ser inferiores ao volume de financiamento. "Temos até o ano 2013 para resolver o problema." Quanto a fazer uma capitalização, similar ao que fez o Banco do Brasil, Hereda praticamente descartou a alternativa neste momento. "Todo mundo gostaria de fazer capitalização, mas não temos patamares para fazê-lo."

Segundo o executivo, existem alternativas que podem ser adotadas para suprir os recursos, como remanejar algumas regras de securitização e fazer funding internamente, e também trocar com outras entidades. "Estamos trabalhando as questões."

Um dos testes para angariar recursos fora da poupança pode acontecer até o final do ano com o lançamento de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) de valor inicial estimado em R$ 500 milhões, além de buscar recursos no exterior. "Dos cerca de R$ 80 bilhões que temos disponíveis, pelo menos R$ 20 bilhões são passíveis de securitização", ressaltou.

Os CRIs são títulos lastreados em receitas futuras de empreendimentos imobiliários. O emissor garante uma taxa mínima anual ao investidor, que pode aumentar de acordo com as receitas geradas pelo empreendimento. O título ainda é pouco negociado no mercado brasileiro devido à falta de um mercado secundário forte.

A alternativa de mercado deverá ser utilizada com mais ênfase a partir de 2011. Hereda acredita que CRIs e recursos externos equilibrem as contas do banco. "Também buscamos captar mais poupança. Hoje, a Caixa tem 34% do mercado."

Recentemente o vice-presidente visitou Londres e Nova York buscando investidores. "Eles têm muita disponibilidade para investir no Brasil. Não é para já, mas com o tempo vai acontecer."

O cenário ideal para o banco seria a estabilidade econômica e uma queda da taxa básica de juros para 7% ao ano. "Acaba nosso problema, pois podemos investir dinheiro de tesouraria para suprir a demanda. A melhor forma de equilibrar a carteira é fazer mix de operações para chegarmos a 10% do PIB em crédito imobiliário."

Segundo Hereda, a Caixa está tranquila por pelo menos dois anos quanto a recursos de financiamento, pois os recursos oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e da poupança suprem as necessidades de caixa.

Com recursos apenas de FGTS a Caixa tem capital suficiente para continuar investindo de R$ 26 bilhões a R$ 27 bilhões por ano nos próximos dez anos. No final de maio, o market share da carteira de habitação da Caixa respondia por 81,8% do mercado.


Fonte: DCI / SP

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