Marcos Burghi
O bom momento do mercado imobiliário tem atraído profissionais de outras áreas. A publicitária Thais Oncken, 39 anos, resolveu deixar o setor no qual atuou por cerca de duas décadas para dedicar-se à corretagem de imóveis. “Queria um trabalho que remunerasse bem, com horários flexíveis”, diz. Como tinha amigos que trabalhavam no ramo, informou-se e resolveu tentar. Ela conta que o começo, na corretagem de imóveis usados, não foi como o esperado. “Estava complicado, mas depois parti para a venda de lançamentos, onde me encontrei.”
Após trabalhar durante mais de dez anos com direito de família, a advogada Christiane Carvalho, 38 anos, decidiu-se pelo ramo imobiliário. “Em março, realizei um desejo que acalentava há dois anos”, conta ela. Obteve a vaga por meio de currículo que deixou com uma amiga que trabalhava em uma grande imobiliária. “Sou responsável pela redação de contratos e assessoro os clientes até a escritura ficar pronta”, explica.
O segmento de comércio e administração de imóveis abriu mais de 8 mil novos postos de trabalho na Região Metropolitana de São Paulo em janeiro. O número representa 46% das 18 mil vagas criadas no setor de serviços em janeiro, maior número para o mês desde 2007.
Silvio Paixão, professor de macroeconomia e cenários econômicos da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), reputa o desempenho ao bom momento do mercado imobiliário. De acordo com dados do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), ao longo de 2010 foram lançadas cerca de 37 mil unidades só na capital paulista. Esse número é 18% superior ao registrado em 2009.
Denise Delboni, professora de relações do trabalho da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), também atribui à boa fase do mercado imobiliário o crescimento da oferta de postos de trabalho no segmento de serviços e acredita que a maré continuará favorável, ao menos neste semestre. “O ritmo de contratações deve seguir como está, mas o segundo semestre é uma incógnita, por causa do aumento dos juros e da medida em que a inflação estiver controlada”, avalia a professora.
Roseli Hernandes, diretora da Lello Imóveis, afirma que a empresa abriu uma nova filial em Pinheiros, zona oeste da capital, e prepara-se para ter mais uma unidade na Mooca, zona leste. “Contratamos gerentes de vendas, de locação e corretores”, conta.
Segundo Roseli, a empresa costuma treinar seus próprios corretores, além de contratar no mercado. Ela diz que o corretor de hoje, para obter êxito, deve especializar-se em um segmento de imóveis e conhecer detalhes sobre as condições das unidades que estiverem sob sua responsabilidade para venda. “Também é importante saber usar as redes sociais da internet, além de dirigir e vestir-se adequadamente”, ensina.
A executiva da Lello Imóveis afirma que um corretor pode tirar de R$ 12 mil a R$ 15 mil por mês. “Há casos em que o valor pode chegar a R$ 50 mil, mas não há salário fixo. Só ganha se vender”, avisa. De acordo com a tabela do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), a comissão recebida pelo corretor fica entre 6% e 8% do valor da venda.
José Roberto Sanchez, 55 anos, é corretor há vinte e recentemente trocou de empresa, aproveitando o bom momento do mercado. Ele afirma que o corretor de hoje tem mais canais de informações sobre os imóveis, como fotos. “Há 20 anos tínhamos apenas a ficha datilografada com os dados básicos”, conta. De acordo com Sanchez, o profissional deve conhecer diversos bairros e não apenas pontos específicos das cidades.
Para ele, o curso superior é importante, mas não é fundamental para o sucesso. “O importante é ralar. Trabalho cerca de 16 horas por dia, em média”, afirma ele, que estudou até o ensino médio.
Fonte: Jornal da Tarde
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